sábado, 1 de dezembro de 2012

Do brilho da minha irmã


COMPOSIÇÃO
(meu temperamento sanguíneo me faz assim)
Ah! Se me deixasse voar
Me teria nas mãos...
Não sabes, então, o quanto a sério levo isso.
Sou menina da rua
Voo com as coisas do mundo, me divirto com o sorriso de uma criança
E depois volto para teus braços.
Mas você entende de outra forma.
Claro, porque eu me calo.
Eu quero só falar das coisas boas
E sutilmente você me pede das coisas que me afligem.
Estou falando dessas coisas para mim mesma, há algum tempo já falava
Então é isso, queres que fale pra você?
Sua pressa me suspende
Sua calma me assusta.
E de repente tudo volta ao normal.
A terra onde estamos, com nossos problemas cotidianos e
Nossa magia diária.
Eu estou tentado desesperadamente te amar,
Era você quem devia tirar esse desespero de mim.
Ou era eu quem devia me encontrar?
Eu sei exatamente o que sou
Na sua contradição de bonito e feio.
Me deixa te amar, só por um instante.
Ou você me deixa todos os instantes com os seus jogos?
Não sentiu, então, o desespero do meu abraço, querendo fazer de dois um só.
E ao mesmo tempo eu sou um só. Que se faz dois, porque quer ser unidade.
Me fragmento em várias e deixo você catar pacienciosamente os meus pedacinhos.
Será que quando você me formar, eu vou ser sua?
Ou você está me criando para o mundo, ou eu estou me criando para o seu mundo.
Eu odeio as suas pressões.
Se ao menos você tivesse me acalentado e dito que eu não tinha a obrigação de te amar...
Então assim eu te amaria?
Me apaixonei pelo interno teu
Tendo que olhar sempre para o seu externo
Está certo que as pessoas não são uma coisa só
Se definem em momentos
Você falava da nossa extraordinariedade
Eu resolvo meus amores
E depois rememoro eles
Paixão é patologia e amor é cura.
Mas paixão é bom.
Quem não quer se apaixonar? Para sentir medo.
Só que nesse momento você não soube me direcionar.
A sua esperteza te enganou.
Te dei tantos sinais.
Escolha uma forma de ler os sinais que o mundo lhe dá.
Se o seu cachorro faz cocô na chão da sala
É porque passou muito tempo trancado no banheiro.
Não é só para chamar sua atenção,
É uma reivindicação.
Olha o outro lado.
Veja que bonito, você me ensinou e escrever
E não me ensinou a falar.
E agora?
Me liga ou não.
O instante que se faz.
Só que também existe o menino da sobrancelha grossa
Que eu tentei lhe falar num e-mail e você não quis escutar
Como eu vou lidar com isso?
E como você vai lidar com isso?
Vai me suprir a falta dele com sua inteligência?
Então inventasse um jeito mais claro de dizer que sim, eu poderia esquecer ele.
Porque ele ainda está na minha cabeça.
E são os cachos dele que me impedem de amar teu cabelo tingido.
E eu me pergunto se a gente se confundiu na nossa arte.
Ou se estávamos querendo tirar proveito um do outro.
Mas os momentos, os estados e as sensações de fato existiram.
Eu, agora, escrevo sozinha. Talvez você tenha me causado tudo isso para que eu escrevesse.
O que estou perdendo agora que não estou contigo
E o que mais vou ganhar...
É só mudar a trilha sonora, para mudar o sentimento
Só que não... porque você só me encontra aqui e o contrário é recíproco.
Quem é o vil da história?
Ninguém, todos somos tudo
Do sublime ao grotesco
"Só que não"... sua expressão
Como eu ia saber do trauma do telefone... quando não atendi
Ou era ciúmes doentio?
Já lhe disse meu interesse inicial era pela sua arte
Depois as coisas se confundiram
E agora são palavras.
As palavras que eu lhe dava como música e expressões
E você dizia não escutar ou colocava o vinil para tocar ao contrário.
E os ingressos que você comprou para nós?
E depois me jogou na cara o preço deles...
Sabia, pois, do meu zelo para com a moeda, sabia que gostava das coisas caras mas elas vinham por merecimento
Sabia, então, que por enquanto desfrutava da natureza gratuita...
E me joga isso na cara.
Foi quando sua máscara caiu.
É meu amor, realmente não nos entendemos
Você e seu zelo (?) com o telefone e eu e meu zelo com a moeda.
Mas percebe que estou salva
E talvez também estejas tu, pois escreve.
Mas cuidado com tua escrita.
AGORA SOBRE MIM
E agora vem a pergunta: vamos nos reencontrar?
Quem fará o instante?
Podemos nos entender na simplicidade do momento.
Aquieta tuas dúvidas aqui comigo.
Mas não irei atrás de você.
Não posso lhe prometer o amanhã, podemos construir o momento.
Se sabemos que gostamos um do outro.
Deixa em paz minha confusão feliz.
Será que consigo querer parar de entender?
Consigo se quiser.
Não vou mais procurar o meu amor, aquele amor da vida toda
Vou deixar que ele me encontre
Por mais que isso me custe a volúpia por debaixo do lençol
Querendo você aqui dentro.
Isso é egoísta deixar na sua mão?
Não, porque lhe telefonei dizendo para nos vermos.
Agora o próximo passo é seu.
Porque eu não sei.
E vou escolher não saber
Até saber.
Se isso durar mais tempo, lhe mostro esse poema.
Se não quem sabe você encontre ele, um dia, na internet
Numa revista, num jornal
Ou num livro.
Se é que vai ter fim.
Você tá aí fora chovendo pra mim.
E eu que sou tão sol, tão quente.
Eu acho que quero que você me ensine com amor falar aquelas coisas...
Sabe... do sexo.
Mas não é só.
Nunca vai ser só.
Só que só a minha vontade não conta, eu sei.
Eu procuro muito ver todos os lados, eu sei.
Eu sei, saber, é o meu verbo favorito, sabia?
Na verdade, talvez, fosse isso
Eu queria lhe contar das minhas coisas, sem compromisso
E sentia um compromisso ali.
É comprometedor se abrir dessa maneira...
E da mesma forma, tudo depende do ângulo de visão.
Desculpe, por todas as vezes que lhe atribuí papéis errados
Ou talvez você me desse a entender que queria ser um pouco meu analista,
Meu diretor, meu amigo, meu conquistador, meu namorado, meu desconhecido, meu querido, meu sem compromisso nenhum... meu amor, desamor, suave.
Foi isso que passou.
E pra você?
Parabéns, você acabou de me mostrar que pra você vale mais a pena me dar uma lição do que ficar comigo.
Não, obrigada.
Qual a palavra fundamental do meu manual?
Se você souber que é amor então você me ganha.

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