terça-feira, 30 de outubro de 2012

Perto do coração selvagem

O texto de Clarice ganhou vida para além da imaginação, no palco do Teatro dos Quatro, na Gávea. Sabendo do brilhantismo da história/enredo por si só, me resta dizer que o elenco está de parabéns por suas interpretações, a trilha consegue tocar o espectador e juntos, atores e platéia, se deixam conduzir pela trajetória de Joana num cenário delicadamente iluminado. Em uma palavra: emocionante. 

"E um dia virá, sim, um dia virá em mim a capacidade tão vermelha e afirmativa quanto clara e suave, um dia o que eu fizer será cegamente seguramente inconscientemente, pisando em mim, na minha verdade, tão integralmente lançada no que fizer que serei incapaz de falar, sobretudo um dia virá em que todo meu movimento será criação, nascimento, eu romperei todos os nãos que existem dentro de mim, provarei a mim mesma que nada há a temer, que tudo o que eu for será sempre onde haja uma mulher com meu princípio, erguerei dentro de mim o que sou um dia, a um gesto meu minhas vagas se levantarão poderosas, água pura submergindo a dúvida, a consciência, eu serei forte como a alma de um animal e quando eu falar serão palavras não pensadas e lentas, não levemente sentidas, não cheias de vontade de humanidade, não o passado corroendo o futuro! o que eu disser soará fatal e inteiro!" 


"Ah, Deus, e que tudo venha e caia sobre mim, até a incompreensão de mim mesma em certos momentos brancos porque basta me cumprir e então nada impedirá meu caminho até a morte-sem-medo, de qualquer luta ou descanso me levantarei forte e bela como um cavalo novo".


Confira! Todas as terças e quartas até 18/12.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Nada em cima do invisível

Espetáculo bem incomum em cartaz no Teatro Municipal Gonzaguinha, baseado no texto do gaúcho Paulo Scott. Tive a gostosa surpresa da primeira cena ser a comemoração de uma das inúmeras vitórias do Internacional. No palco vislumbrei as ruas de Porto Alegre sendo tomadas por colorados em festa. (Ah! o gosto do Rio Grande do Sul). E nesse ritmo a peça assume outros caminhos, o elenco vai dando vida para outras nuances dos personagens. 


sábado, 20 de outubro de 2012

77 milhões de pinturas

Sim, os Arcos da Lapa ganharam ganharam novas cores e cobriram-se de figuras na projeção digital de Brian Eno, artista inglês que coloriu e iluminou ainda mais um dos lugares mais badalados da cena noturna carioca. O som que acompanhava a projeção das imagens era quase hipnótico.









Sensação de deslumbramento!

sábado, 13 de outubro de 2012

Niterói

Já estava na hora de atravessar a ponte para conhecer um dos cartões postais de Niterói, o Museu de Arte Contemporânea (MAC), projetado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer. Gostei do passeio!



sábado, 6 de outubro de 2012

Cinema ao ar livre

Sim sessão de cinema na Praia de Copacabana. Que deleite! Recordei as sessões ao ar livre do Bryant Park em Nova York. O escurinho do cinema nas areias de Copacabana, esteve a altura do festival novaiorquino. A minha direita eu tinha o Cristo Redentor luminoso, a minha esquerda o Forte de Copacabana iluminado e no centro uma mega tela, passando o filme nacional "O palhaço", gratuitamente. E que filme bonito, cheio de poesia e cor! Areia macia sob os meus pés. Um vendedor de algodão-doce, outro de bolas, um de biscoito ajudaram a compor o momento. Só faltou um céu estrelado.





quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Das cores


Hoje o Cristo Redentor recebeu uma iluminação com as cores da bandeira da Alemanha, em homenagem a data da Unidade Alemã, feriado que marca a reunificação do país após a queda do muro de Berlim. Lá do Botafogo, onde eu estava, inacreditavelmente eu via um Cristo vermelho e branco! Por que será?

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cosas que te pasan si estás vivo

Outro dia, eu e uma amiga decidimos fazer a trilha do Pão de Açúcar, o tempo estava nublado, e de súbito, um sol se abriu no céu, como que nos convidando a subir. A caminhada é puxada, mas de tempos em tempos, por entre a mata, já vislumbrávamos um pouco da natureza que nos surpreenderia ainda mais quando chegássemos ao topo. 
Quando chegamos lá em cima, tivemos poucos minutos de sol, olhamos para baixo e a beleza da Baía da Guanabara fez com que esquecêssemos do cansaço. Tivemos tempo para tirar quatro ou cinco fotos, tentando imortalizar aquele momento. Na outra extremidade, o Cristo Redentor foi ficando encoberto por nuvens. O tempo voltava a fechar e gotas de chuva se lançaram sobre nós. Nos sentamos na área coberta, para tomar um mate de abacaxi e groselha e recuperamos o fôlego. A chuva começou a aumentar, chovia torrencialmente, o vento soprava gelado e úmido.
Depois de um tempo, a chuva foi diminuindo. Agora, começávamos a pensar na volta, numa trilha que estaria encharcada e consequentemente escorregadia. Como muitas outras vezes, em que uma se comportava como pólvora e a outra como fogo, uma impulsionando a outra, decidimos encarar a descida como uma aventura. Aproveitamos a trégua de São Pedro e fomos descendo devagar, com cuidado, mas ao mesmo tempo sentíamos certo desconforto causado pela terra molhada, pelo terreno informe e pela temperatura que havia baixado. E embora estivéssemos descendo com calma, tínhamos pressa em chegar logo no asfalto. Uma pressa irracional, como se nossos ancestrais não tivessem vivido da terra. Como se o asfalto correspondesse a nossa ideia de solo seguro.
Até que enfim, chegamos no chão de cimento, em segurança. Nossas pernas estavam sujas de barro e para nos lavarmos, tínhamos logo adiante a Praia Vermelha, embora pisar na areia e nos lavar na água salgada do mar, não fosse o mais agradável dos planos, era a solução mais prática para aquele momento.
Então, num de repente, fomos surpreendidas. Passamos por uma rocha, da qual escorria água da chuva. Não tivemos dúvida, resolvemos nos lavar ali mesmo, naquela efêmera cascata que acabara de se formar. Naquele momento me senti como uma personagem da série Lost, que há meses sem ver água doce, quando a encontra é um deleite. Mais do que isso, me senti uma índia, acolhida pela mãe natureza, aquele teria sido o momento perfeito para meditar. Para a cena ficar mais poética, só faltou um meteoro luminoso, em forma de arco, apresentando as sete cores do espectro solar, e determinado pela refração e reflexão dos raios solares sobre as nuvens, conhecido por arco-íris, riscar o céu.
Só que aqueles minutos cheios de encantamento, passaram rápido. Minha amiga já me chamava para irmos embora. E novamente fomos surpreendias. A chuva voltou a cair, ficamos completamente molhadas, de algum modo aquele temporal nos deu uma sensação de liberdade, foi como lavar nossas almas. Quando cheguei em casa, minha irmã estava no banho. Como teria que aguardá-la terminar, fui lavar as mãos, mania do mundo moderno, daqueles que chegam da rua. E pensei no despropósito que seria secar as mãos na toalha.
Eu adoro o conforto da sociedade moderna, mas penso que, vez ou outra, pode ser incrível e revigorante nos conectarmos com a natureza que cada vez mais, vemos apenas em livros ou filmes.


P.S.1: O título desse post ficou por conta do meu mais novo cartunista favorito, Liniers.
P.S.2: Nesse dia eu comi pitanga direto da árvore, e sobrevivi.
P.S.3: Fazia muito tempo que não tomava um banho de chuva como este, foi inesperado e energizante.