domingo, 15 de agosto de 2010

Do not analise

Mês passado eu me peguei "livre" dos livros técnicos da pós e me entreguei a narrativa de Fernando Sabino, em O Encontro Marcado, ele conta a trajetória de Eduardo. Deixo para vocês aquilo que mais me marcou: a urgência de viver e sentir-se vivo.

Embora determinado, Eduardo é figura demasiadamente deprimida. Em um de seus “bons” momentos faz um convite a Mauro, um de seus melhores amigos.

“(...) - Besta-Fera, está uma tarde belíssima. Vamos à Pampulha tomar uma cerveja.

- Você está doido? Não posso, de jeito nenhum.

- Não analisa não.

Era a palavra de ordem, espécie de lema que comandava o destino dos três, diante do qual nenhum obstáculo se sustinha. Acordo tácito, compromisso de honra: não analisar, porque do contrário surgiriam problemas, todos tinham seus problemas: esmiuçando motivos, prevendo consequências, nenhuma atitude seria possível, a vida perderia a graça. Tinham de viver em cada momento uma síntese de toda a existência, não analisar jamais! Mauro abandonou a sua pasta de remédios no meio-fio:

- Pronto, não tenho mais emprego, não tenho mais nada, sou apenas um coração solitário. Vamos.”

Os melhores e mais singulares momentos não surgem num impulso? De fato, nós é que complicamos.

“De tudo ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.”

Que tenhamos força e fé para seguir em frente.

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