quinta-feira, 27 de maio de 2010

Das coisas que só acontecem com aquela minha amiga

As melhores mulheres pertencem aos homens mais ousados.
Machado de Assis

Ela ficou a fim de um carinha que vamos chamar de David. Eles se conheceram em uma aula de windsurf, que ela insistira em fazer “just for fun”. E no final nem foi tão fun assim, já que no primeiro tombo ela tomou um caldo e não quis mais saber de aula... Mas, ao menos ela tinha conhecido David. E ao contrário do que ela esperava, ele foi receptivo a sutis olhares dela. Eles trocaram telefone e a partir daquele final de semana começaram a se falar. Com o passar do tempo o interesse dela em David foi crescendo. Porém, assim como a vontade de fazer aquela aula tinha surgido de uma força misteriosa, por alguma outra força misteriosa toda vez que eles ensaiavam ou de fato combinavam alguma coisa, como sair para tomar um sorvete, ver um filme, comer suhsi ou qualquer programa dessa espécie, vinha a tal força e os impedia de se encontrarem.
Porém, num dia de sol intenso, minha amiga foi atingida por uma “luz” e percebeu que não havia força nenhuma impedindo o que ela imaginava ser “o” encontro, mas sim um David “enrolador”. A força que ela havia imaginado era mais uma desculpa para mascarar as desculpas dele.

Mas minha querida amiga Liz, (vamos chamá-la de Liz!) enfrentava um problema, porque naquele momento ela não mais olhava as coisas sob um ângulo racional, mas sim emocional. Então, apesar de sua “luz”, toda vez que David ligava para Liz, ela inevitavelmente esquecia o quão “enrolador” David era e concentrava-se apenas em seu lado encantador. Essa “comunicação facebook”, não “face to face”, acabou atingindo um ponto em que Liz já não mais sabia o que achar de David. E não encontrava uma brecha para confrontá-lo.

Só que a vida, tem seu jeito de “caminhar” e fazer movimentos que as vezes nem percebemos. Por alguma razão, dois meses depois daquele dia emblemático na aula de windsurf, Liz se depara com David no cruzamento de uma rua perto da casa dela. David é atencioso com Liz e os dois trocam palavras triviais sobre coisa nenhuma. Apesar do blá-blá-blá sem graça, da forma como ela me contou, me pareceu haver uma “good vibe” no ar, que durou pouco. David olhou o relógio uma vez e outra vez, e nisso Liz assumiu que ele tinha que ir, então falou: “bom eu vou indo”. (Ao passo que ela proferiu essas palavras, já foi se movimentando para outra direção para que seu discurso fosse sincronicamente acompanhado de uma ação correspondente a ele.) Só que ao mesmo tempo, David disse: “Eu queria...”. Mas era tarde demais, uma vez que Liz disse “bom eu vou indo”. Aquele “eu queria” ficou suspenso no ar, e David logo remendou: “então tá, nos falamos”. E cada um seguiu em sua direção.

Aquele “eu queria”, ficou latejando na cabeça da Liz. Ela, que durante todo aquele tempo esperara para saber o quê afinal de contas ele queria (com ela), não conseguia acreditar que quando finalmente ele estava prestes a dizê-lo, o momento simplesmente sucumbira! Derretia em sua frente e escorria pela calçada como gelo sob o sol. E tudo aquilo que poderia se materializar voltava a ser intangível.

Quando Liz terminou de me contar, a primeira pergunta que fiz a ela foi: “Porque você não voltou atrás e perguntou o que ele queria?” Ao que ela respondeu inconformada: “porque eu sou muito burra”. Mas um minuto de reflexão depois, eu disse: “espera aí, esse David é uma bailarina ou um homem? Porque ele não pediu pra você esperar e disse o que queria? Porque ele não segurou teu braço e disse o que queria?” E para essas perguntas ela não soube o que dizer, Liz só me olhou contrariada.

Claro que eu e Liz entendemos que David poderia estar apenas tentando desenvolver aquele diálogo “que-bom-que-não-tá-mais-chovendo” e talvez diria apenas, “eu queria ir pra praia esse final de semana” e não necessariamente com Liz. Ou “eu queria trocar o som do meu carro”, pra escutar musica com a Liz? Ou ainda “eu queria comprar um novo aparelho de barbear...” enfim. Mas o ponto é porque ele não disse “eu quero sair com você Liz e desse final de semana não passa” ou “eu quero ser apenas seu amigo Liz, me esquece”. Pra que sustentar esse “chove não molha”?

E agora minha amiga Liz está emocionalmente envolvida, porque se tivesse um pouco de razão, deixaria o David pra lá. Mas a gente não manda no coração e nem controlamos o que sentimos, por isso algo me diz que a novela “David e Liz” ainda terá alguns capítulos pela frente!

Enquanto isso:
Meninos, atitude!! Please!


2 comentários:

Amanda disse...

Nossa, adorei seu post! Claro, é exatamente assim que os homens de hj agem. Eu não consigo entender o que eles tanto esperam pra tomar uma atitude! A gente vive em mundo que parece que algumas coisas não mudam, como por exemplo, é função do cavalheiro chamar a dama pra sair, e se a dama toma essa atitude pode ser confundida com a Dama das Camélias. E no fim, o que a gente ganha por ficar só esperando por uma atitude, o principe encanto mora nos contos de fadas. Portanto, as vezes, é melhor ser a Dama das Camélias mesmo, com atitude, diferente de algUNs que conheço.
(and for those who are gonna read this, no I'm not the friend of the story)
bjos Nah!!

a_girl_feeling disse...

Mandy, to contigo e não abro! Let's make it happen!! :) bjssss