domingo, 29 de março de 2009

Do que há de mais bacana na net

De um dos meus blogs favoritos, Flor de Bela Alma, um dos muitos posts que ficaram na memória e que reproduzo aqui com exatidão e gosto:

''Ele me disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas, obscenas... porque era assim que gostávamos, mas não menti gozo, prazer, lascívia. Nem omiti que minha alma está além, buscando aquele Outro. E te repito: Por que haverias de querer minha alma na tua cama? Jubila-te da memória de coitos e acertos. Ou tenta de novo. Obriga-me...."
(Hilda Hilst)

Poema dos tempos de escola...

Se se morre de amor!

Se se morre de amor! — Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n'alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!

Simpáticas feições, cintura breve,
Graciosa postura, porte airoso,
Uma fita, uma flor entre os cabelos,
Um quê mal definido, acaso podem
Num engano d'amor arrebatar-nos.
Mas isso amor não é; isso é delírio,
Devaneio, ilusão, que se esvaece
Ao som final da orquestra, ao derradeiro
Clarão, que as luzes no morrer despedem:
Se outro nome lhe dão, se amor o chamam,
D'amor igual ninguém sucumbe à perda.

Amor é vida; é ter constantemente
Alma, sentidos, coração — abertos
Ao grande, ao belo; é ser capaz d'extremos,
D'altas virtudes, té capaz de crimes!
Compr'ender o infinito, a imensidade,
E a natureza e Deus; gostar dos campos,
D'aves, flores, murmúrios solitários;
Buscar tristeza, a soledade, o ermo,
E ter o coração em riso e festa;
E à branda festa, ao riso da nossa alma
Fontes de pranto intercalar sem custo;
Conhecer o prazer e a desventura
No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto
O ditoso, o misérrimo dos entes;
Isso é amor, e desse amor se morre!

Amar, e não saber, não ter coragem
Para dizer que amor que em nós sentimos;
Temer qu'olhos profanos nos devassem
O templo, onde a melhor porção da vida
Se concentra; onde avaros recatamos
Essa fonte de amor, esses tesouros
Inesgotáveis, d'ilusões floridas;
Sentir, sem que se veja, a quem se adora,
Compr'ender, sem lhe ouvir, seus pensamentos,
Segui-la, sem poder fitar seus olhos,
Amá-la, sem ousar dizer que amamos,
E, temendo roçar os seus vestidos,
Arder por afogá-la em mil abraços:
Isso é amor, e desse amor se morre!

Se tal paixão porém enfim transborda,
Se tem na terra o galardão devido
Em recíproco afeto; e unidas, uma,
Dois seres, duas vidas se procuram,
Entendem-se, confundem-se e penetram
Juntas — em puro céu d'êxtases puros:
Se logo a mão do fado as torna estranhas,
Se os duplica e separa, quando unidos
A mesma vida circulava em ambos;

Que será do que fica, e do que longe
Serve às borrascas de ludíbrio e escárnio?
Pode o raio num píncaro caindo,
Torná-lo dois, e o mar correr entre ambos;
Pode rachar o tronco levantado
E dois cimos depois verem-se erguidos,
Sinais mostrando da aliança antiga;
Dois corações porém, que juntos batem,
Que juntos vivem, — se os separam, morrem;
Ou se entre o próprio estrago inda vegetam,
Se aparência de vida, em mal, conservam,
Ânsias cruas resumem do proscrito,
Que busca achar no berço a sepultura!

Esse, que sobrevive à própria ruína,
Ao seu viver do coração, — às gratas
Ilusões, quando em leito solitário,
Entre as sombras da noite, em larga insônia,
Devaneando, a futurar venturas,
Mostra-se e brinca a apetecida imagem;
Esse, que à dor tamanha não sucumbe,
Inveja a quem na sepultura encontra
Dos males seus o desejado termo!
(Gonçalvez Dias)



Arrufos, de Belmiro de Almeida

Saudades das aulas de literatura, saudades da escola(!), daquele tempo em que a maior preocupação era a nota da prova de física e ficar na balada até as três da matina era uma façanha... tempo esse que não volta mais, mas que é muito gostoso relembrar e reler!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Fall


Hoje faz uma semana que entramos no outono, a estação aos poucos vai nos envolvendo. Tenho notado dias em que a chuva cai em meio aos raios de sol. Também reparei num céu dividido entre o sol poente e nuvens cinzas! Elementos diferentes convivendo pacificamente. To achando isso muito poético. E me lembrei desse som:




Dreams
(The Cranberries)


Oh my life
Is changing everyday
Every possible way

Though my dreams
It's never quite as it seems
Never quite as it seems

I know I felt like this before
But now I'm feeling it even more
Because it came from you

And then I open up and see
The person falling here is me
A different way to be

La larara larara larara la

I want more
impossible to ignore
impossible to ignore

They'll come true
impossible not to do
impossible not to do

And now I tell you openly
You have my heart so don't hurt me
You're what I couldn't find

A totally amazing mind
So understanding and so kind
You're everything to me

Oh my life
Is changing everyday
In every possible way

Though my dreams
It's never quiet as it seems
Cause you're a dream to me

Em tempo:
Obrigada Thiago, por ter me "mostrado" essa letra.

Leveza

Hoje eu levanto uma bandeira por um mundo mais light!


quarta-feira, 25 de março de 2009

Levante a saia da rotina


Sentir os primeiros raios de sol na pele e sorver o ar da manhã.

Uma musica que faz querer dançar e cantar.

O ritmo de um poema do Bilac.


Tomar espumante numa terça-feira ensolarada, duas tacinhas dessa alegria podem transformar o dia.

Parar tudo pra assistir ao colorido que surge no céu quando o sol se põe.

Cheirinho de pão saindo do forno.


Cavalgada em noite de lua cheia.

Um banho de banheira, com direito a pétalas de rosa e luz de velas.


Um drink diferente a base de vodka e gelatina de morango, pra "beber" de colherinha.


O cheiro da chuva numa tarde de outono.


Enviar um cartão postal.

Fantasias que a gente inventa!

Uma dúzia de pequenos grandes momentos da vida, para se entregar por completo, de braços bem abertos.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Because everything is new

And everything is you.

A Alvorada do Amor

Um horror, grande e mudo, um silêncio profundo
No dia do Pecado amortalhava o mundo.
E Adão, vendo fechar-se a porta do Éden, vendo
Que Eva olhava o deserto e hesitava tremendo,
Disse:

Chega-te a mim! entra no meu amor,
E e à minha carne entrega a tua carne em flor!
Preme contra o meu peito o teu seio agitado,
E aprende a amar o Amor, renovando o pecado!
Abençôo o teu crime, acolho o teu desgosto,
Bebo-te, de uma em uma, as lágrimas do rosto!

Vê tudo nos repele! a toda a criação
Sacode o mesmo horror e a mesma indignação...
A cólera de Deus torce as árvores, cresta
Como um tufão de fogo o seio da floresta,
Abre a terra em vulcões, encrespa a água dos rios;
As estrelas estão cheias de calafrios;
Ruge soturno o mar; turva-se hediondo o céu...

Vamos! que importa Deus? Desata, como um véu,
Sobre a tua nudez a cabeleira! Vamos!
Arda em chamas o chão; rasguem-te a pele os ramos;
Morda-te o corpo o sol; injuriem-te os ninhos;
Surjam feras a uivar de todos os caminhos;
E, vendo-te a sangrar das urzes através,
Se amaranhem no chão as serpes aos teus pés...
Que importa? o Amor, botão apenas entreaberto,
Ilumina o degredo e perfuma o deserto!
Amo-te! sou feliz! porque, do Éden perdido,
Levo tudo, levando o teu corpo querido!

Pode, em redor de ti, tudo se aniquilar:
Tudo renascerá cantando ao teu olhar,
Tudo, mares e céus, árvores e montanhas,
Porque a Vida perpétua arde em tuas entranhas!
Rosas te brotarão da boca, se cantares!
Rios te correrão dos olhos, se chorares!
E se, em torno ao teu corpo encantador e nu,
Tudo morrer, que importa?
A natureza és tu,
Agora que és mulher, agora que pecaste!
Ah! bendito o momento em que me revelaste
O amor com teu pecado, e a vida com o teu crime!
Porque, livre de Deus, redimido e sublime,
Homem fico na terra, luz dos olhos teus,
Terra, melhor que o Céu! homem maior que Deus!

Olavo Bilac (Livro: Bilac Tempo e Poesia publicado em 1965)

It’s always a matter of point of view. There is always a way out. Right?!

sábado, 14 de março de 2009

Nas asas selvagens do destino


Final de tarde quente, nuvens tingidas de amarelo alaranjado e vermelho anunciam a chegada de mais uma noite típica de verão. A melodia por sua vez promete um anoitecer de festa.
Cheia de vida e cintilância, ela vive as fantasias que invadem a realidade, outrora sonhadas. Comovida com a paisagem pulsante e envolvida pelo encantamento do ritmo das músicas e das pessoas, ela se entrega ao novo que exala um perfume suave e afrodisíaco.
Sob a constelação luminosa ela sente uma energia efervescente, desconhecida. Contempla o luar, fascinada com os raios prateados que banham seu corpo. Noite azulada.
À margem expositiva da fogueira das vaidades, explosiva é a sua vontade, diante de uma possibilidade acelerada pelo efeito do álcool, que corre livre junto de seu sangue, displicente das conseqüências.
Os olhos dela encontram os dele e a sensação de borboletas no estômago a possui. Empatia imediata. “Devo me render aos estímulos e pular?” Tomada pelos braços dele, a valsa a salva de seu próprio desespero. Ao girar em seus braços vislumbra as matizes que parecem circular a sua volta. Aquela luz pálida e cálida ilumina seu rosto, mais do que isso, faz o azul de seus olhos brilhar mais intenso.
Não é apenas o encontro dos corpos, é o encontro das almas, porque um se perdeu no outro. Um desejo que é plural, por ser dos dois. Sedução que não é sublime, é estampada e desvelada na sincronia incessante dos corpos a bailar.
Não era um baile, foi um beijo. O encontro dos lábios e das línguas conduz ao calor embrulhado de uma sensualidade exasperante. Simbiose absoluta, dada a volúpia dos corpos, condensada num desejo faiscante capaz de provocar alta combustão, ardendo na pele.
É a vida líquida fluindo em cores, nuances e luzes, como se houvesse um feitiço no ar encantando suas almas. Fruir cada segundo, sorver cada gota, pois seria necessário perder a noite para ganhar o dia. Feliz madrugada. Em um lampejo a imaginação quis que aquele momento durasse para sempre.
Da sinfonia improvisada fizeram-se sussurros e risos, sons ininteligíveis, o ruído dos outros se transformara numa sonata de verão para eles. Era a eufonia inexorável do coração batendo acelerado, prelúdio dos que se apaixonam.
Depois daquele beijo ganhavam um agora inteiro, sendo unidos pelas mãos que não se largavam mais e o colorido querer de um abençoado amanhã. Imaginariam eles que da doce aurora se faria o fel?
E de mãos dadas, embriagados pela harmonia da alvorada decidiram ir até a praia. No caminho passaram em frente a uma casa branca e notaram que a porta e as janelas amarelas estavam fechadas. Havia um pequeno jardim na entrada de campânulas e rosas desabrochadas. Na lateral da casa havia uma cerejeira, ela quis provar o fruto e adentrou. Era uma casa de veraneio que estava vazia.
Ele teve receio, mas quando sentiu o aroma que vinha da boca dela quando disse “prova”, ele já prefaciava o sabor da polpa macia e suculenta e também se entregou ao prazer de comer aquelas cerejas, que pareciam aflorar ainda mais a libido. Por um momento eles fantasiaram num futuro possível comprar aquela casa, morarem ali, dividirem uma história e serem felizes. Como que uma promessa, traçaram um coração flechado na cerejeira e escreveram seus nomes, antes de seguirem para seu o destino.
Quando chegaram à praia observaram as gaivotas voando perto do céu. Àquela hora a praia estava vazia, era o paraíso na terra. Abraçaram a alquimia daquele lugar com um beijo apaixonado fundindo a alegoria poética do local, alumiado pelos primeiros raios de sol.
Caminharam pela areia clara, o azul intenso e profundo das ondas do mar era convidativo, ela então, numa intimidade tímida tirou o vestido e deixou que as ondas beijassem seu corpo. Ele tirou a gravata, a camisa e a calça e correu na direção dela. Desejo máximo de sentir seu cheiro, tocar seu rosto, beijar seus lábios.

Envoltos pela água selvagem se deixaram levar para o fundo, um nos braços do outro, como se houvesse amanhã. Porém, foram surpreendidos por uma mudança súbita do tempo, o céu acima deles se fechou para dar espaço a uma tempestade de verão.
A chuva era revigorante, mas o mar ficou mais agitado trazendo em suas ondas antes aprazíveis, agora uma acidez incorrigível coroada por uma colônia de águas-vivas. Com seus corpos gelatinosos e seus tentáculos bamboleantes, essas criaturas translúcidas ostentavam uma beleza singular, numa dança involuntária no palco das ondas.
Eles tentaram nadar para longe delas, eles queriam voltar, mas era tarde demais, aquele minuto sucedera o átimo do indizível. As células urticantes das águas-vivas que se transpassaram neles causavam anafilaxia, cãibras intensas nos músculos e dificuldade para respirar, apesar da sensação de queimação eles tentavam nadar de volta para a margem.
Não havia mais espaço para o bem-estar de antes, não haviam palavras, a angústia de um e de outro estampava-se nos olhos e tomava corpo. A agonia explicita de querer salvar e sair dissolvia-se na fraqueza. Afundando nas águas do mar seus corpos deixavam de ser impulso, inquietação. Queimava a leveza violenta do minuto em que você é ao encontro do outro em que deixa de ser. Eles que foram vida agora flutuavam inexpressíveis no azul infinito do mar.
O céu se abria novamente, exibindo um sol plácido entre as nuvens. A luz fracionada refletida no balanço das ondas acompanhava o movimento das águas-vivas, deixando que cintilassem junto com o límpido arco-íres que riscara o céu naquela manhã trágica.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Para gostar de música

A Sophia passou todo o Verão Mtv estimulando... Aqui vai a minha versão pra você gostar de música, mais simples e compacta, mas nem por isso menos efetiva: Beirut com Elephant Gun, sente esse estilo meio indie, meio folk, com um pezinho no pop :) Voa junto com o clip teatral e alive!!

Elephant Gun

If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight

Far from home, elephant gun
Let's take them down one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

Let the seasons begin - it rolls right on
Let the seasons begin - take the big king down

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the night

And it rips through the silence of our camp at night
And it rips through the silence, all that is left is all
That I hide

terça-feira, 10 de março de 2009

Fantastic Four

Essa fotografia tem tanto tempo (e tanto significado) que foi tirada com uma máquina antiga e tivemos que esperar revelar o filme para vê-la. E eu acho linda essa foto. Assim como ela é, sem retoque no photoshop.

Nesse dia a gente tava sem maquiagem e sem chapinha no cabelo, sem roupa de griff. Mas estávamos cheias de vida, uma alegria esvoaçante transbordava dos olhos... sem falar nos sonhos que nos (pre)enchiam.

Os tempos mudaram, as coisas são diferentes e nós amadurecemos. Mas minhas queridas Bê, Mandy e Lili, daquele verão mágico, algo permanece. Ás vezes eu acho que a gente só tem que buscar essa luz dentro de nós. And in the end every little thing is gonna be all right.

I love you girls!!!

domingo, 8 de março de 2009

Para as mulheres

Os gremistas que me desculpem, mas o dia da mulher é INTERNACIONAL!



Parabéns pra nós! \o/

sábado, 7 de março de 2009

The next best thing

Depois dos quatro (pequenos) desastres subseqüentes da balada de hoje só me resta acreditar que algo muito especial está reservado e em breve virá ao meu encontro.

Até lá, pacientemente eu existo.


sexta-feira, 6 de março de 2009

É mais presente em mim o que me falta


[Maria] caminhou em direção à porta, e, sem dar-se conta da importância daquele momento, escutou a frase que mudaria para sempre os seus planos, seu futuro, sua fazenda, sua idéia de felicidade, sua alma de mulher, sua atitude de homem, seu lugar no mundo.¹

E como perceber um ponto de virada na sua própria vida simultaneamente ao seu acontecimento?

Era dia nove de julho de 2004, uma sexta-feira de lua minguante quando o amor da minha vida apareceu oficialmente* pra mim sem que eu me desse conta disso. E talvez por não perceber olhei em volta, embora no fundo quisesse olhar só para ele. Procurei rostos conhecidos na multidão, sem saber que seu rosto se tornaria muito familiar.

A história da Maria termina com um beijo** em Paris, romântico no último, sem previsões e sem que ela tivesse medo do “happily ever after”, sem mesmo saber se seria pra sempre. Ela simplesmente quis arriscar e pulou de cabeça sem parar pra pensar. Deixou acontecer.

A minha história começa numa festa universitária, mais cinco doses de tequila na cabeça e uma pergunta para a qual a resposta foi proporcionalmente imediata e certa, um beijo.

A partir daí tudo se costurou em datas, 16 de julho, primeiro de outubro, 20 de novembro. Sai ano. Entrou 2005. Dois de março e 19 (meu aniversário) para 20 de agosto. Entre essas datas foi mesmo um tudo, turbilhão.

As quatro estações do ano e desenhadas nelas borboletas no estômago, pernas bambas, um querer descarado. Um impulso da alma, outro impulso, de novo impulso. Um encontro, um sorriso envergonhado, um sorriso ousado. Vários desencontros. Dançando com as meninas. Tequila. Outros meninos, que não faziam sentido. Dançando mais com as amigas. Outras tequilas. Mensagens sem resposta no celular. Uma ligação pra ganhar o final de semana. And drinks keep coming all night long. Vontade de ficar. O tempo em slow motion passando depressa demais (!?) Outro sorriso, agora com aparelho nos dentes. Uma surpresa boa, outra surpresa boa. Um cheiro, um gosto, um toque e um agora muito veloz que já virou ontem e quer mais (muito mais) amanhã. Um amanhã que não chega nunca e que quando chegou fez o fim. Um fim que teve dúvidas e resquícios do que passou (passou mesmo?). Um fim cheio de intermitências e talvez por isso me custe acreditar que acabou.

Quando percebi que ali era o meu destino já estava na contramão fazia algum tempo. E nisso a falta de sentido fez todo o sentido.

A vida é muito rápida; faz a gente ir do céu para o inferno em questão de segundos.²

É que nesse vai e vem eu nem sempre conseguia dizer o que estava sentindo (eu nem sabia ao certo o que era) e algumas coisas eu gostaria que ele tivesse percebido, sem que eu precisasse ter dito. E nisso, a gente já não se entendia.

Quando eu não tinha nada a perder, eu recebi tudo.³

Como subterfúgio eu gosto de pensar que não existe antes ou depois dele, só existe agora.

* Mais tarde como que me lançando nas águas da memória, me dei conta de que, sem saber quem ele representaria pra mim, ele já havia me aparecido duas vezes. Assim despretensiosamente nas entrelinhas antes de se estampar em todas as páginas e para além delas.

** Embora, a essa altura não fosse só dela. Já era a história deles.

¹²³Trechos de Onze Minutos, Paulo Coelho.